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027d41389aa46a88e4e1d3fbf0858662O Brasil, desde 2010, quando ultrapassou o Canadá, é o terceiro maior produtor e exportador agrícola do mundo, atrás somente das duas grandes potências agrícolas mundiais: os Estados Unidos e a União Europeia. No entanto, diferentemente desses dois territórios, a capacidade de crescimento e a perspectiva nacional em relação a um futuro de médio prazo são grandes, de modo que o país poderá apresentar maiores crescimentos nos próximos anos.

Dois principais fatores estão associados ao crescimento da atuação agropecuária do Brasil no mercado externo: a mecanização do campo, vivenciada no país a partir da segunda metade do século XX, e a expansão da fronteira agrícola para o interior do território ao longo do mesmo período. Assim, elevou-se a produtividade nas áreas produzidas, bem como as áreas cultivadas, embora muitas áreas de expansão apresentem modelos tradicionais, uso extensivo da terra e baixa produtividade.

Dos principais produtos agropecuários do Brasil, cabe destaque para a cana-de-açúcar, o café e a laranja, dos quais somos os maiores produtores mundiais; a soja, o fumo e a carne bovina encontramos-nos na segunda posição internacional; e o milho, produto em que o Brasil é o terceiro país em volume de produção anual.

A seguir, temos uma breve análise da espacialização dos principais produtos agropecuários brasileiros:

a) Cana-de-açúcar

A cana foi o primeiro produto de cultivo em larga escala na história agrícola do Brasil, implantada no país pelos portugueses no período colonial principalmente com o sistema de plantations na região Nordeste. Na época, o destino do cultivo era a produção de açúcar para a comercialização no mercado externo. Atualmente, além dessa mercadoria, a cana é destinada também para a produção de etanol, cuja importância econômica e política é cada vez mais acentuada no contexto geopolítico internacional dos combustíveis e da fontes de energia.

Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a cana-de-açúcar ocupa no Brasil cerca de 10% de todas as áreas utilizadas pela agricultura e é responsável por pouco mais de 17% das exportações nacionais. Sua produção concentra-se em médias e grandes propriedades, principalmente nos estados da região Sudeste, além do litoral nordestino, Paraná e algumas localidades da região Centro-Oeste.

b) Café

O café também foi um dos mais importantes produtos presentes na história agroeconômica brasileira, tendo o auge de seu ciclo vivenciado no final do século XIX e início do século XX até a chegada da Grande Depressão de 1929, quando passou a sofrer certo declínio. Mesmo assim, o produção de café continuou em alta no país e, mesmo não sendo mais o principal produto agrícola nacional, é responsável por quase 10% das exportações do agronegócio. Ao todo, quase 70% de todo o café produzido no Brasil é destinado ao mercado externo.

Assim como a cana-de-açúcar, o café é majoritariamente produzido em médias e grandes propriedades, muito embora a agricultura familiar seja responsável por quase 30% do seu cultivo, dispondo apenas de 20% das terras agricultáveis no país. O principal estado produtor é Minas Gerais, que concentra mais da metade do cultivo e, ao lado de São Paulo e Espírito Santo, detém cerca de 83% da produção nacional, conforme dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) referentes a 2011.

c) Soja

A soja é o principal produto da agricultura brasileira, embora a liderança mundial da produção pertença aos Estados Unidos. Ela responde por mais de 9% de toda a balança comercial do Brasil e ocupa a maior parte das terras agricultáveis. A maior parte de seu volume é destinada ao mercado estrangeiro. A vantagem da produção de soja no Brasil é que ela ocorre no período de entressafra nos países do norte, para onde a exportação acontece em maior volume, cujo destino final é a alimentação de rebanhos em territórios desenvolvidos.

O aumento da produção de soja no Brasil aconteceu sobretudo com a mecanização do campo e a expansão da fronteira agrícola. Esse processo foi marcado principalmente pelo avanço de produtores sulistas para a região central do país. Não por acaso, os líderes do ranking nacional de produtividade desse grão são os estados da região Centro-Oeste (com destaque para o Mato Grosso), além do Paraná, Rio Grande do Sul, Tocantins e Bahia.

d) Carne bovina

O Brasil possui o segundo maior rebanho bovino no mundo, com mais de 200 milhões de cabeças de gado – atrás somente dos EUA –, além de ser o país que mais exporta carne desse tipo. Além da carne, o Brasil também possui uma alta produtividade de leite, este voltado, sobretudo, para o mercado interno.

A pecuária no Brasil é predominantemente extensiva, ou seja, com a ocupação de grandes áreas, o que ocorre tanto pela alta disponibilidade de terras quanto pelas estratégias dos latifundiários para manterem suas propriedades produtivas, evitando o seu destino para a Reforma Agrária. Mesmo assim, vem crescendo no país a atuação da pecuária intensiva, muitas delas diretamente associadas a agroindústrias leiteiras e de corte.

Segundo dados do Ministério da Agricultura, apenas 16% da carne bovina brasileira é destinada ao mercado externo, sendo a maior parte comercializada no mercado interno. Isso ocorre porque a lucratividade no mercado nacional é alta e também pela baixa importação desse produto, uma vez que a carne nacional possui uma melhor relação entre custo e benefício. Mesmo assim, o governo brasileiro estima que, até 2019, as exportações brasileiras de carne responderão por 60% do comércio mundial do produto.

e) Fumo

O fumo é um dos poucos grandes produtos da agropecuária brasileira que são, em maior parte, produzidos em pequenas propriedades. O seu cultivo em folhas no país é o segundo maior do planeta, atrás somente da China, de modo que o Brasil é o maior exportador. Todavia, sua produção vem oscilando nos últimos anos, principalmente em função das campanhas internacionais e nacionais de diminuição do consumo de tabaco.

A maior parte da produção ocorre na região Sul do país, que responde por mais de 90% de todo o tabaco cultivado em território brasileiro, com destaque para o Rio Grande do Sul, que, sozinho, produz 47%. Ao todo, mais de 180 mil famílias brasileiras dependem da produção de fumo, embora alguns estudos venham diagnosticando a migração para outras culturas, principalmente de produtos agrícolas orgânicos.

f) Milho

Em termos de produção mundial de milho, o Brasil encontra-se atrás somente dos Estados Unidos e da China, estando muito próximo da União Europeia. Metade de sua produção no país é realizada por pequenos produtores e a outra metade fica a cargo de latifundiários, que vêm elevando a produção de milho transgênico. Embora seja considerado um produto de vital importância para a subsistência alimentar, a maior parte de sua produção destina-se à fabricação de rações para animais.

Os principais estados na produção de milho no Brasil são Goiás, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul. Sua produção deve crescer a um ritmo de 3% nos próximos anos e as áreas agricultáveis destinadas a esse produto também devem aumentar aproximadamente 1% nas safras posteriores.

Além desses produtos em destaque na agricultura brasileira, também cabe ressaltar a importância socioeconômica de outras culturas também amplamente cultivadas no território brasileiro, como o cacau, o arroz, o feijão, o algodão, o trigo (embora ele seja muito importado), a fruticultura, entre outros.